Por Bruna Giovana Modesto
A campanha Outubro Rosa tem o intuito de chamar atenção da população a respeito do câncer de mama, que acomete milhares de mulheres ao redor do mundo todo, as ações realizadas nessa época objetivam possibilitar um trabalho de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença.
De acordo com as “Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil” (INCA, 2015), esse é o tipo de câncer mais incidente na população feminina do país e do mundo. Assim, é fundamental compreender a importância das estratégias de detecção precoce para um melhor prognóstico e consequente cuidado da saúde das mulheres. Dentre essas ações estão (INCA, 2015):
Ações de rastreamento: Mamografia; Autoexame das mamas (AEM); Exame clínico das mamas (ECM); Ressonância nuclear magnética (RNM); Ultrassonografia; Termografia; Tomossíntese.
Ações de diagnóstico precoce: Estratégias de conscientização; Identificação de sinais e sintomas; Confirmação diagnóstica em um único serviço.
Para Vanessa Couto et al. (2017) as repercussões desse diagnóstico podem gerar consequências temporárias ou permanentes na vida da mulher, em função das múltiplas afetações envolvidas nesse processo, isto é, os tratamentos invasivos e as possibilidades de sequelas em diferentes campos da vida como a “… sexualidade, os relacionamentos, a autoimagem corporal e muitas outras crenças e valores” (COUTO et al., 2017, p.31).
Dessa forma, deve-se olhar para essa questão de uma forma ampla, considerando o impacto multidimensional na vida das mulheres, que envolve aspectos físicos, psicológicos, sociais, culturais e emocionais (COUTO et al., 2017). Assim, é fundamental ofertar um cuidado que contemple todas essas dimensões, como endossa o autor acima, isto é “[…] o cuidado para essa problemática deve constar de amparo psicossocial durante toda a terapêutica, auxiliando na reestruturação social e familiar da paciente quanto a si mesma e/ou quanto a terceiros” (COUTO et al., 2017, p.31).
Portanto, o câncer de mama é uma preocupação de saúde pública justamente por sua expressiva incidência e pelos impactos que pode trazer para a saúde e a vida das mulheres. Nesse sentido, é imprescindível compreender que o combate e prevenção dessa doença passa pela construção da conscientização coletiva das mulheres no que diz respeito aos cuidados com sua própria saúde. Essa conscientização, acontece na medida em que as mulheres são instrumentalizadas pela informação e acesso as intervenções e ações de rastreamento da doença (INCA, 2015).
Referências Bibliográficas
COUTO, Vanessa Brito Miguel et al. “Além da Mama”: o cenário do outubro rosa no aprendizado da formação médica. Revista Brasileira de Educação Médica, [S.L.], v. 41, n. 1, p. 30-37, jan. 2017. FapUNIFESP (SciELO).
INCA- Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil. Rio de Janeiro. 2015.
Ao longo da história da humanidade, foram construídos entendimentos de que o lugar da mulher não era na política, estas ideias embora muitas vezes questionadas permaneceram entre nós por muito tempo. Tal mentalidade está intimamente relacionada a dicotomia existente entre a esfera pública e privada da vida, que influenciaram no processo de constituição das relações de gênero em grande parte dos países do mundo. (SALGADO; GUIMARÃES; ALTO, 2015).
Considerando que houve uma persistente exclusão das mulheres da vida pública, já que essa era uma responsabilidade atribuída aos homens, e para as mulheres cabia somente a vida privada, dos cuidados do lar e da família (SALGADO; GUIMARÃES; ALTO, 2015) a elas o direito a participação política seria concebido muito mais tarde. Às mulheres brasileiras, esta conquista ocorreu com a constituição de 1934, sendo que as eleições já ocorriam no país desde 1532 (FERNANDES et al., 2020).
O direito ao voto representa um marco histórico para todas as mulheres, que após séculos de reinvindicações tiveram seus direitos políticos básicos atendidos. Foi a partir da possibilidade de votar que as mulheres foram ganhando espaço para uma maior participação política e como consequência candidaturas femininas começaram a surgir.
Em fevereiro de 2022, o direito ao voto feminino completou 90 anos no Brasil (BRASIL, 2015) coincidentemente ano também de eleições, em que pudemos observar um crescimento da participação feminina nas disputas por cargos políticos, ao todo foram eleitas 302 mulheres para a Câmara dos Deputados, Senado, Assembleias Legislativas e governos estaduais (AMARAL, 2022).
Ademais, é importante destacar que houveram 4 candidatas do sexo feminino que disputaram a presidência do país. O resultado salienta também, a diversidade dos perfis das candidatas eleitas, dentre elas tiveram mulheres pretas, indígenas, pardas, brancas e representantes da comunidade LGBT (AMARAL, 2022). Apontando para uma maior representatividade de pautas que incluam a diversidade existente em nosso país.
Contudo, ao realizar um comparativo com o número de homens eleitos, notamos que ainda existe uma expressiva discrepância que precisa ser considerada, indicando a necessidade de ampliar as discussões sobre a atuação das mulheres na política. Assim, apesar de muito caminho percorrido e muitos avanços, o cenário político ainda impõe inúmeros desafios as candidatas mulheres, relacionados principalmente a preconceitos e estereótipos de gênero que sinalizam a necessidade de mudanças urgentes (FINAMORE; CARVALHO, 2006).
De acordo com os autores Finamore & Carvalho (2006), os motivos que explicariam as diferenças de gênero na orientação política têm relação com as diferentes maneiras de educação que meninos e meninas recebem, isto é: “[…] os resultados dessa diferença, antes de apontar posicionamentos mais à esquerda ou à direita do espectro político, alcançam entendimentos sobre se as mulheres devem, por exemplo, ter a mesma participação política que os homens ou se ‘o lugar das mulheres é em casa’” (FINAMORE; CARVALHO, 2006, p.352).
Dessa forma, é fundamental a conscientização da população sobre a importância da participação feminina na política, e também o incentivo e a garantia de apoio partidário necessários para a efetivação da candidatura de mulheres que desejam seguir essa carreira, já que uma maior representatividade delas no cenário político, implicaria na defesa de temas feministas, como direitos reprodutivos, de saúde da mulher e combate as violências de gênero (FINAMORE; CARVALHO, 2006).
Referências Bibliográficas
AMARAL, Talita. Especial Eleições 2022 – Representatividade feminina ainda é baixa na Câmara. CNN Brasil, São Paulo, 06 de out. de 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/mulheres-aumentam-representacao-na-camara-mas-representatividade-ainda-e-baixa/ . Acesso em: 26 de out. de 2022.
BRASIL. lei nº 13.086, de 8 de janeiro de 2015. Institui no Calendário Oficial do Governo Federal, o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil. Brasília, DF, 2015.
FINAMORE, Claudia Maria; CARVALHO, João Eduardo Coin de. Mulheres candidatas: relações entre gênero, mídia e discurso. Revista Estudos Feministas, [S.L.], v. 14, n. 2, p. 347-362, set. 2006. FapUNIFESP (SciELO).
FERNANDES, Camilla; LOURENÇO, Mariane Lemos; FROHLICH, Samantha; SILVA, Diogo Espejo da; KAI, Flávia Obara. Mulheres na política: emoções e desafios em dinâmicas institucionais complexas. Cadernos Ebape.Br, [S.L.], v. 18, n. 4, p. 1071-1081, out. 2020. FapUNIFESP (SciELO).
SALGADO, E.D.; GUIMARÃES, G.A.; ALTO, E.V.L.C.M.. Cotas de Gênero na Política: entre a história, as urnas e o parlamento. Gênero & Direito, [S.L.], n. 3, p. 156-182, 22 dez. 2015. Revista Genero & Direito.
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